Caminhos para uma escola verdadeiramente antirracista

Para que a escola cumpra seu papel na formação de pessoas conscientes, críticas e comprometidas com a justiça, é essencial que as práticas antirracistas façam parte do seu dia a dia. O racismo está presente na estrutura da sociedade brasileira e isso se reflete também dentro das instituições de ensino. Seja pela ausência de representatividade, pela repetição de estereótipos ou pela omissão diante de situações de discriminação, ele se manifesta de várias formas.
O primeiro passo é assumir, de forma pública e constante, o compromisso com o enfrentamento do racismo. Não basta fazer postagens em datas simbólicas. A escola precisa se posicionar com clareza e coerência. Isso mostra seriedade e engajamento, além de sinalizar para estudantes, famílias, educadores e toda a comunidade escolar que combater o racismo é prioridade institucional.
Antes de mudar, é preciso entender onde se está. Um diagnóstico bem feito é essencial para mapear a realidade da escola em relação às relações raciais. Quem são os estudantes, educadores e funcionários? O currículo contempla história e cultura afro-brasileira e indígena? Existem registros de casos de racismo? O que a comunidade escolar percebe e sente? Essas respostas ajudam a identificar lacunas, reconhecer boas práticas e planejar ações que façam sentido naquele contexto.
Com esse diagnóstico em mãos, a escola pode construir um plano de ação com metas claras, prazos definidos e responsáveis por cada etapa. Esse plano precisa incluir ações pedagógicas, formativas e estruturais: formações regulares, revisão de materiais, incentivo à representatividade, criação de espaços de escuta, entre outras iniciativas. Metas possíveis e mensuráveis ajudam a tirar o compromisso do papel e os mecanismos de avaliação garantem que o plano siga vivo e eficaz.
Outro passo fundamental é criar um protocolo para lidar com situações de racismo. Esse documento deve orientar como agir em casos de denúncia: acolher a vítima, investigar com seriedade e propor ações educativas. O foco não é apenas punir, mas promover justiça, reparação e aprendizado. Nenhuma situação de racismo deve ser ignorada, minimizada ou tratada de forma improvisada.
A formação da equipe é indispensável e precisa ser constante: professores, coordenação, direção e demais profissionais devem estar preparados para lidar com relações étnico-raciais, história e cultura negra, africana e indígena. Isso vai muito além de palestras pontuais: é uma política pedagógica que deve ser incorporada à rotina da escola.
O currículo também precisa refletir esse compromisso. É preciso garantir a presença de autores, artistas, pensadores e lideranças negras e indígenas não só em datas comemorativas, mas de forma transversal, contínua e crítica. Valorizar diferentes formas de conhecimento é parte da construção de uma educação mais justa.
A representatividade importa e deve estar presente nos materiais didáticos, murais, bibliotecas, espaços de fala e em todos os lugares onde circulam ideias e imagens. Crianças e adolescentes negros e indígenas precisam se ver como parte do ambiente escolar. Isso fortalece a autoestima, o pertencimento e o orgulho da própria identidade.
Criar canais de escuta para relatos de racismo é outra medida essencial. Quando um estudante, funcionário ou familiar relata uma situação de discriminação, a escola precisa acolher, agir com responsabilidade e construir ações que previnam novas ocorrências.
É fundamental repensar a diversidade no corpo discente, especialmente em escolas com maioria branca. Criar políticas de bolsas com recorte racial, garantir apoio pedagógico e psicológico e acompanhar o desempenho são formas de promover equidade de verdade.
Do mesmo modo, contratar profissionais negros e indígenas por meio de processos seletivos com vagas afirmativas fortalece a diversidade da equipe e amplia as referências para os estudantes. Isso precisa ser feito com seriedade, transparência e acompanhamento, garantindo condições de permanência, valorização e desenvolvimento profissional.
Contratar profissionais negros e indígenas é importante, mas não suficiente. É preciso investir no letramento racial contínuo de todos os funcionários — da equipe pedagógica aos profissionais da limpeza, segurança e alimentação. Esse processo ajuda a identificar vieses, compreender o racismo estrutural e agir com ética e responsabilidade diante das situações do cotidiano.
E não para por aí. A escola precisa dialogar com as famílias, acolher suas experiências e criar espaços reais de participação. O letramento racial precisa chegar também a pais, mães e responsáveis. É assim que se constrói um trabalho coletivo, enraizado e duradouro.
Transformar a escola em um espaço seguro e respeitoso para todas as pessoas exige escolhas firmes e intencionais. Quem se compromete com essa mudança ajuda a moldar uma sociedade mais justa desde a base.
A gente sabe que não é simples. Mas é urgente e possível. A Inaperê Consultoria está aqui para apoiar sua escola nessa jornada, com diagnóstico, formação, acompanhamento e estratégias práticas que fazem diferença no cotidiano.
Vamos juntas e juntos. Porque transformar a educação é transformar o futuro.